quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz ano-novo!



Há tempos não aparecemos por aqui, eu e mamãe Priscila. A correria e o cansaço têm atrapalhado. Até a última segunda-feira, trabalhei 14 dias seguidos. Estava morto. Nem lembrava que existiam blog e Twitter. E Priscila, obviamente, tem coisas mais importantes com o que se preocupar, como alimentar a mini draga que colocamos no mundo. Se nas primeiras semanas Julia Leticia mamava de duas em duas horas, às vezes até num intervalo maior, agora a esfomeada se alimenta praticamente de hora em hora.

Também pudera. O crescimento de um bebê é absolutamente impressionante. Parece um daqueles feijões que, quando criança, todo mundo colocava no algodão para brotar - não sei por que, mas eu adorava isso. De um dia para o outro, já está diferente.

Foi assim com a visão. De repente, ela estava lá, analisando tudo a seu redor. Se antes não acompanhava uma pessoa com os olhos, agora a Julia Leticia parece um guarda da presidência, atenta ao menor movimento. Até no escuro. Outro dia, estávamos eu, Priscila e ela dormindo na cama. Ouvi o chorinho dela e acordei, meio assustado. Sentei e fiquei olhando JL. Não conseguia entender o porquê de ela estar me encarando com a testa franzida. Aí, mamãe fala: "O capuz!". Ah... É que eu estava com frio, então, vesti esse casaco que tem um capuz. Bastou eu descobrir a cabeça para Julia Leticia relaxar. Parecia dizer "ufa, esse aí eu conheço".

Hoje, nossa pequena terá seu primeiro réveillon. O primeiro Natal já passou, cheio de presentes, como bonecas gigantes falantes que ela ainda não dá a mínima. Agora, vem o ano-novo. Um ano especial para nossa família. Primeiro, finalmente mudaremos para o apartamento definitivo. Espero que seja logo, ainda na primeira metade de janeiro. Para isso, estamos correndo feito loucos. É coisa que não acaba mais. Na próxima semana, chegam os armários. Boxes e espelhos já foram instalados. O aquecedor também. As cortinas e persianas estão lá, aguardando a montagem. Ainda falta muito, mas agora são detalhes mais fáceis de resolver, como tampas de privadas, ganchos de toalha e porta papel higiênico. Os lustres e outros itens de decoração, deixaremos para depois da mudança. Não é mole não.

Além da casa nova, 2010 reserva muitas outras coisas bacanas para nós. Será o ano dos primeiros passinhos de Julia Leticia e também das primeiras palavras, ou esboços de palavras, dadá, mamá, papá etc. Do batismo e do aniversário de 1 ano da nossa bonequinha. Como diria o rei Roberto Carlos, "são tantas emoções".

Que venha 2010. E que seja tão maravilhoso para todos quanto já é para nós. Com muita saúde, que é o mais importante, pois o resto a gente corre atrás.

São os votos de Priscila, Claudio e Julia Leticia.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ai, minha coluna!

Não sei se funciona assim para todos os homens, mas, a partir do momento em que descobrimos a gravidez da Priscila, passei a me sentir pai. Quase que instantaneamente. De repente, comecei a me preocupar com coisas que jamais havia sequer pensado. E teve início o súbito interesse por informações acerca de bebês. Assim, conheci outros papais na internet, como o Renato, do Diário Grávido, um cara que agrada pelo humor e a altíssima qualidade dos textos.

Hoje, graças ao Twitter, descobri a Luíza e o Hilan, do potencial gestante. Dei uma rara olhada nos meus seguidores e lá estava o @potencialtweet. Fui investigar e esbarrei nesse blog informativo, simpático, de um casal que ainda não tem filhos. E esse é o barato da história. O blog nasceu do "desejo latente" da Luíza de um dia poder tê-los. Já é um prazer acompanhá-los.

Dito isso, enfim chegou a hora da referência ao título do post, "Ai, minha coluna!". É por conta deste vídeo aqui embaixo, descoberto graças ao potencial gestante. Vídeo bacana, divertido pacas, e uma bela dica para o papai aqui: nunca acostumar a Julia Leticia a dormir assim. Fico imaginando a dor nas costas que esse cara deve sentir depois de uma noite no berço.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Ano especial

Filha,

Guardei este texto para quando você tivesse idade o suficiente para compreendê-lo. Hoje é o dia. O dia em que lhe contarei de um ano especial. Um ano mágico, de emoções impensáveis para seu pai. O ano em que você nasceu.

Deixe-me contar sobre alguns fatos marcantes de 2009. Foi o ano em que Michael Jackson morreu. Aquele que era negro, ficou branco e sempre foi um gênio. Aquele cujas músicas papai ouve de vez em quando. Você sabe. Por falar em gênio, um espécime dessas raras criaturas também virou papai em 2009. Aquele tenista suíço, o Roger Federer. Aquele que o papai sempre mostra os vídeos para tentar fazer você gostar de tênis da mesma forma que seu velho. As meninas dele são duas, gêmeas, Charlene Riva e Myla Rose. Nomes esquisitos, mas tudo bem, ele é gringo. Compostos como o seu, Julia Leticia. Sem acento como o seu, porque assim fica internacional. Em 2009, Federer venceu Wimbledon e se tornou o maior de todos, o recordista de Grand Slams.

Dois mil e nove também teve a posse de Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, que assumiu com a missão de vencer a grave crise econômica iniciada naquele país. E a gripe suína, que matou muita gente ao redor do mundo e deixou papai apreensivo, pois mamãe estava no grupo de risco: as grávidas. Mas tudo deu certo e você nasceu cheia de saúde, no dia mais emocionante da minha vida.

Mas, por falar em negros superando barreiras, um, em especial, fez papai chorar em 2009. Não, não se preocupe. Foi choro de alegria, choro de uma emoção contida havia 17 anos. Andrade é o nome dele. Um ex-volante daquele Flamengo mágico que sequer me lembro, do início dos anos 80, porque era muito menino. Mas que tinha o maior de todos, Zico, o jogador de técnica, força de vontade e caráter que se transformou no ídolo do papai.

Andrade é símbolo da geração campeã do mundo, da geração de técnica incomparável, mas também de raça insuperável. Da geração responsável por tornar a já imensa torcida rubro-negra uma nação, a maior de todas. Andrade fez papai chorar porque, depois de 17 anos, no dia 6 de dezembro de 2009, levou o Flamengo ao topo do país. Andrade, homem humilde, verdadeiro nas palavras e no amor pelo clube, primeiro treinador negro campeão brasileiro. O primeiro, depois de 38 edições do torneio.

Ele fez do clube-emoção um clube campeão. Sem a estrutura dos rivais, sem a organização dos rivais. Mas com um coração... Coração que impulsionou o aposentado Petkovic, o craque sérvio, a driblar as desconfianças e, aos 37 anos, virar o maestro do time. Que deu suporte para Adriano, o atacante problemático, deixar de lado a depressão e ser o artilheiro do campeonato. Que fez Ronaldo Angelim superar o drama de quase perder a perna no início do ano para fazer o gol do título.

Um título de lições. Para o maior dos jogadores da época, Ronaldo. Que esnobou o Flamengo e abandonou o clube para vê-lo, de longe, levantar a taça. Para a Nike, que pagava pouco, pisou várias vezes na bola e deixou de ser a fornecedora de material esportivo do time. Para a Petrobras, estatal que exigia exclusividade, mas não dava o devido valor à marca Flamengo.


Lições que, espero, eu tenha conseguido lhe ensinar. Humildade, paixão, raça, determinação, orgulho. No Campeonato Brasileiro de 2009, o Flamengo deu uma aula. Que não serve apenas dentro de campo. Mas, também, para a vida.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cesárea por opção


Quem acompanhou minha gravidez sabe que minha escolha foi alvo de muitas críticas. Para muitos, eu fui politicamente incorreta. “Cesárea? Por quê? Tem medo de não aguentar?”. A verdade é que nunca quis parto normal, embora seja totalmente a favor. Parece contraditório. Mas como não tenho muita resistência à dor, preferi mesmo não passar pelas dores das contrações, nem surpreendida pela bolsa estourando. Optei pela “temível” cesárea. E não me arrependo nem um pouco.

Dr. Sasaki, o anjo japonês, não influenciou a minha decisão. Com uma gravidez tranquila, deixou em minhas mãos. E acho que assim deve ser feito. A mãe, mais do que ninguém, deve escolher o que é melhor para si e para o bebê, é claro. Ele sugeriu que eu marcasse o parto para o dia 18 de novembro. No fundo, eu sabia que não aguentaria até lá. Marcamos então para o dia 10. Acertei na mosca! Como disse no post anterior, o anestesista perguntou na mesa de cirurgia: “Você não está sentindo nada?”. “Eu não doutor, por quê?” “Você está com o útero contraído e cm dilatação”. De certa forma, senti um alívio em saber que não fui responsável por fazer minha filha nascer antes do tempo. Nasceu no tempo certo e com muita saúde, graças a Deus.

A questão da anestesia e a difícil recuperação que todo mundo ressaltava não me fizeram mudar de ideia. Sobre a anestesia, posso dizer sem sombra de dúvida que não doeu. Só a sensação esquisita e esperada de não sentir as pernas. Senti sim uma pressãozinha quando começaram a cortar a barriga. Nada demais. Na hora, chorei. Disse ainda que estava doendo, fiz aquele drama típico da ariana aqui. No entanto, confesso que o choro foi muito mais de nervoso do que qualquer outra coisa. Papai Claudio, que acompanhou tudo bravamente, não me deixa mentir sobre o procedimento que foi para lá de tranquilo. Para não dizer que não senti nada, no final da cirurgia, senti um mal-estar. Era como se estivessem tocando no meu estômago. Mas logo passou.

Tudo foi muito rápido. Menos o efeito da anestesia, que demorou a passar. Vale lembrar que varia de mulher para mulher. Demorei a sentir as minhas pernas novamente. E como se não bastasse a ansiedade para ver a família, as enfermeiras perderam o meu prontuário por uns instantes, o que retardou ainda mais a minha ida para o quarto. Na sala de recuperação, falei pelos cotovelos com a mãe do Felipe, que também se recuperava. Não aguentávamos mais ficar ali naquela sala gelada. Aliás, a recuperação é a parte mais chata. O papai Claudio ficou comigo e com a Julia Leticia apenas alguns minutos. Depois, foi convidado a se retirar. E ficamos lá agarradinhas até o efeito passar. Enquanto isso, vocês devem imaginar como ficam os familiares, loucos para nos ver, saber se está tudo bem. Para vocês terem uma ideia da demora, Julia Leticia nasceu às 7h42. Cheguei ao quarto às 13h. Morrendo de fome para variar.

A recuperação não dói nada, nadinha, juro. Também pudera. Tomei muitos remédios receitados na medida certa pelo anjo japonês. Dá para andar, sentar. No mesmo dia, levantei para tomar banho. E no dia seguinte já desfilava nos corredores do hospital.
Ah, nem dor de gases eu tive. E olha que falei para caramba. Inclusive, no dia em que fiz a cesárea. Mas não façam isso. Correu tudo muito bem comigo. No entanto, isso não quer dizer que ocorra o mesmo em todos os procedimentos. Para se comunicar, abuse das mímicas e gestos. Pense que está jogando Imagem e Ação. Não faça que nem eu que não calava a boca nem na sala de cirurgia. Ninguém me aguentava mais.

A verdade é que as pessoas reagem de formas diferentes à cesariana e ao parto normal. Acho que cada um deve conversar como o médico e tomar a decisão mais adequada ao seu caso. O fato é que não me sinto menos mãe porque não senti as dores das contrações. Nem a cesárea é um bicho de sete cabeças. Pelo menos no meu caso não o foi. Ao ler esse post lembre-se que algumas pessoas podem ter tido uma experiência difícil, mas para muitas outras o parto foi um momento de tranquilidade e felicidade. Portanto, relaxe e aproveite

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O grande dia


A mamãe de primeira viagem está de volta. Posso dizer que tenho surpreendido a todos e a mim, é claro. Tenho dado conta do recado, ufa! Faltam palavras para descrever cada momento. Mas, enfim, com as poucas que encontro e vêm do coração, vou tentar descrever o grande dia. Aí vamos nós...

Chegando a hora
Eram 21h30 do dia 9 de novembro. Faltava meia hora para o início do jejum e eu já estava com fome. Quem me conhece sabe que isso não é nenhuma novidade. Aproveitei para comer todos os chocolates disponíveis no armário. Tentativa frustrada de controlar a ansiedade. A ficha finalmente começava a cair. Sim, caiu tarde. Aos 45 minutos do segundo tempo. Mas, por incrível que pareça, dormi como um anjo.
Às 5h30 do dia 10, o despertador toca. A preguiça era tanta que nem conseguia imaginar o que me esperava logo mais. Com as malas prontas, eu tinha a sensação de que estava prestes a viajar. O caminho para o hospital é o mesmo do aeroporto, o que reforçava a ideia. Mas passando a entrada do aeroporto, não tinha mais jeito. A hora se aproximava.

Check-in
Dei entrada no hospital, morrendo de fome. A recepção do Hospital Brasília mais parece a de um hotel. Ao assinar toda a papelada da internação, tive a sensação de estar fazendo um check- in. Por outro lado, foi nesse momento que o nervosismo tomou conta. Toda cirurgia tem seu risco, nós sabemos. No entanto, assinar em baixo disso não é nada confortável. Sem contar que você não tem cabeça para ler nada. Sai assinando tudo. Papai Claudio filmava o momento tenso. A atendente soltou: “Ai meu Deus, você está filmando?!” E tentou se arrumar, toda vaidosa. Eu, nervosa, mal conseguia olhar para a câmera. “Desliga isso!”, dizia. Na minha barriga, conseguia ouvir Julia Leticia dizendo: “Papai, desliga isso. Que mico!”. Terminava ali a participação do papai como cinegrafista. Contratamos o serviço de filmagem do hospital, que inclui a gravação do parto, saída do hospital e edição completa com fotos e ecografias. Com o serviço vip, papai Claudio podia assistir a estreia de Julia Leticia sem se preocupar com mais nada. Aliás, meus parabéns para o meu amor. Eu, que duvidava da sua capacidade de assistir o parto sem desmaiar, quebrei a cara. Assistiu bravamente e, graças a ele, mantive a calma.

É agora!
Entrei sozinha para trocar de roupa. A enfermeira se apresentou (não me pergunte o nome dela. A cabeça estava longe...): “Você pode tirar toda a roupa e colocar nesse plástico”. Nunca demorei tanto para trocar de roupa. Coloquei aquela roupinha de ver Deus (aquelas camisolas ridículas que fecham na frente e deixa a nossa bunda de fora). E fui levada de cadeira de rodas para o centro cirúrgico, sem necessidade. Isso só me deixou mais tensa.
Na sala gelada, lá estava eu estirada na mesa de cirurgia. Papai Claudio entrou logo em seguida. Eu não conseguia conter as lágrimas. As enfermeiras pediam calma. Mas eu, como sempre, sofrendo por antecipação. O anestesista, que mais parecia um psicólogo, logo tratou de me tranquilizar. A essa altura do campeonato já estava aos prantos (sempre muito dramática).
Hora da anestesia. Chamada raquidiana, aplicada entre as vértebras nas costas. Acreditem, não dói. Sabe picada de exame de sangue? Mais rápido que isso. Você sente uma pressão como se o líquido se espalhasse pelas costas. Talvez, o mais chato seja manter-se na posição correta (sentada, com as costas curvadas). Com o barrigão, isso não é tão fácil. A ação é praticamente imediata. Em pouco tempo já não sentia as pernas. “Nossa amor, essa sensação é tão ruim”, dizia eu, meio “drog”. Antes de aplicá-la, no entanto, a minha surpresa. O médico pergunta: “Você não está sentindo nada?”. “Eu não doutor, por quê?”. “Você está com o útero contraindo e com dilatação. Está na hora”. Incrível! Se fosse para ter parto normal, não seria tão fácil. Mas não me arrependo da escolha.
O estica e puxa começou. Tudo muito rápido. Não sentia nada, apenas como se estivessem passando a mão sobre a minha barriga com força. Juro, tudo muito tranquilo. Eu falava pelos cotovelos. Dr. Vilmar (anestesista), Dr. Felipe (assistente) e Dr. Sasaki ( meu anjo obstetra japonês) que o digam. Era inevitável ouvir do Claudio: “Amor, fica quietinha, vai!” Não demorou para que os olhos dele se enchessem de lágrimas. Então, ouvi o chorinho mais gostoso da minha vida. Dei um beijinho rapidinho na nossa filhota linda. Esperei tanto por este encontro, mas logo ela se foi para tomar o primeiro banho, que o papai acompanhou de perto.
Enquanto terminavam de me costurar, só perguntava se ela estava bem. Graças a Deus, correu tudo bem. Muito tranquilo. Na sala de recuperação, ela ficou o tempo todo comigo. Ficamos agarradinhas, dormindo, até que o efeito da anestesia passasse e fôssemos para o quarto. Aliás, o efeito demorou a passar e isso rendeu alguns momentos de tensão para os familiares, em especial, minha mãe. Isso veremos nos próximos capítulos. E, assim, meu mundo se tornou ainda mais cor de rosa.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tortura!

Odeio agulhas. Sempre odiei. Aquele pedaço finíssimo de metal me causa arrepios. Porém, quando foi necessário, encarei-o, apesar da imensa vontade de sair correndo. Certa vez, vários anos atrás, em meio a um violento ataque alérgico provocado por ingestão de camarão, cheguei a relutar em ter a nádega direita perfurada, mesmo com a garganta quase fechada e o ar chegando com dificuldade aos pulmões. A cena era ridícula. Minha mãe se aproximava com a seringa e eu pedia "calma!, calma!" quase sem voz. Hoje é engraçado.

Bom, toda essa introdução é para relatar o dia em que nossa filhota tomou suas primeiras vacinas. Hoje. Minha preparação psicológica, no entanto, começou ontem. O sofrimento, também. Imaginar um ser humano tão pequeno sentir dor não é muito bacana. Mas, enfim, é necessário que todos os bebês sejam imunizados contra a tuberculose e tomem a primeira dose da vacina contra a hepatite B logo nos primeiros dias de vida pós-útero. O problema é que, se você olhar para o seu braço agora, provavelmente (eu não tenho) vai ver lá a marquinha, uma depressão na pele em formato arrendondado que a BCG, contra a tuberculose, provoca. Portanto, se essa vacina deixa uma cicatriz para toda a vida, fico imaginando a dor que não deve ser levar uma picada dessas num bracinho tão delicado.

Fomos ao posto de saúde eu, Priscila, Julia Leticia e a vovó Sandra. Tudo pronto para o momento dramático e o paizão, aquele cara que assistiu a todo o parto, firme e forte, numa calma inacreditável, vira a cara na hora da primeira injeção. O choro de dor partiu meu coração. Mas ainda faltava a segunda vacina, contra a hepatite B. Essa eu assisti. Foi na perninha, aparentemente um local menos dolorido. Mais um choro sofrido. Que droga. Pensamos então que, se havíamos escolhido esse dia para Julia Leticia levar injeções, que resolvêssemos logo esse capítulo "sofrimento" de uma vez por todas. Por isso fomos, na sequência, ao Sabin para o teste do pezinho. Mais uns furinhos, sangue colhido e pronto, finalmente a sessão tortura acabou.

De volta para casa, Julia Leticia mamou, tomou banho e dormiu. Tranquilamente. Em um sono profundo, deu até uns sorrisinhos. Talvez sinal de que ela sabia estar protegida e que meu sofrimento seja bobagem.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Felicidade

Nova gata no pedaço. Estilo mignon, corpo esculpido em 9 meses de gestação, Julia Leticia veio ao mundo às 7h42 de ontem, 10 de novembro de 2009. E chegou arrebatando corações. Na sala de recuperação, junto à mamãe, deixou os coleguinhas enciumados. As enfermeiras só tinham olhos para a bonequinha de 47,5 centímetros e 3.085 quilos. "Gordinha, não, papai! Mulher não gosta de ser chamada assim. Sou gostosa mesmo!" O papai aqui, aliás, descobriu que assistir a vídeos sobre bebês não adianta muito na hora do vamos ver. Mas, apesar de enrolado no início, agora já começo a pegar nossa princesinha no colo com um pouquinho mais de desenvoltura. Treinos não vão faltar.

A mamãe está muito bem. Incrível como as mulheres têm essa força maravilhosa dentro delas. Eu, pelo menos, assisti a todo o parto bravamente, sempre buscando acalmá-la. Admito: fiquei orgulhoso de mim mesmo. Mas, também, com uma equipe azeitada daquelas, liderada pelo doutor Jorge Sasaki, tudo ficou mais fácil. Eu, fã que sou de Fórmula 1, lembrei logo de um pit stop vencedor. Estou muito agradecido por terem cuidado tão bem dos meus dois amores. Bom, agora deixem-me paparicar um pouco a cria e atender aos tios Ferna e Gabrioulo, que acabaram de chegar.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Adolescentes e o silêncio

Nas últimas semanas, fiz um trabalho com um grupo de mais ou menos 20 adolescentes, a maioria entre 15 e 16 anos - apenas um deles, bastante precoce, tem 13. São estudantes do 1º ano de uma escola particular que precisam cumprir uma tarefa interdisciplinar de fim de ano. Trata-se de um filme. Eles bolaram o roteiro, obedecendo ao edital previamente lançado, e vale uma boa parcela da nota do bimestre. Pediram dinheiro aos pais para contratar uma equipe de filmagem e a coisa toda caiu nos meus ombros e do Luciano, um grande amigo que tem me ajudado no trabalho.

Engana-se quem se apressa em pensar que este post é sobre a minha apreensão em imaginar minha filha aos 15, 16 anos, arrumando namoradinhos e me deixando louco de preocupação. Nada disso. A espingarda já está no armário esperando por esse momento. Minha apreensão atual tem outro motivo: adolescentes simplesmente não compreendem o significado da palavra silêncio. Então, me pergunto: a Julia Leticia também será assim? E mais: será que isso começa na adolescência ou ainda mais cedo?

Antes do início das filmagens, eu e Luciano deixamos bem claro à rapaziada que seria necessário silêncio, durante as gravações, daqueles que não estivessem em cena. Foi o mesmo que explicar a duas dezenas de hamsters. Em todas, literalmente todas as cenas, foi necessário pedir, quase implorar, mais de uma vez para que os adolescentes calassem a boca. Eu gritava “silêncio!” e eles ouviam “ngngngnnnruáááá”. Eu repetia: “Silêncio”. O mesmo que “lalalalalalalááááááá´”. Então, "shhhhhhhhhhhhhh". Nada. Por fim, eu começava a gesticular. Dedo em frente à boca, mãos abanando, até que, talvez por cansarem de falar, eles resolvessem silenciar. Não por muito tempo, claro.

No último sábado, eu, Priscila e Julia Leticia almoçamos na casa dos meus pais. Perguntei a dona Lígia se eu era difícil assim quando adolescente. Silêncio. Mais do que um “sim” gritado. Parece-me que, quando adolescentes, todos nós já fomos assim. E o pior: não temos a menor noção disso. Que medo! O consolo é que meus pais sobreviveram a três adolescências: do meu irmão, minha e da minha irmã. E nos amam até hoje! Vai ver que a paciência inexistente em mim aparecerá até lá.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Além do próprio umbigo


Vou começar esse post fazendo uma pergunta que normalmente ninguém faz. Você gosta do seu umbigo? Já olhou para ele, tipo olho no olho? Se você é homem certamente estará nem aí, caso tenha um daqueles para fora. Enquanto que para nós mulheres ter um umbigo bonito é sinônimo de preocupação que vem desde o nascimento. E se você tem um bem bonitinho não se esqueça de agradecer a sua mãe antes de continuar lendo esse desabafo.

É fato que muitas mamães morrem de medo só de ouvir a palavra. E comigo, marinheira de primeira viagem, não poderia ser diferente. Agora vai fazer o pai entender isso. Toda vez que compartilho com o Claudio a minha aflição, posso ouvir os seus pensamentos mais íntimos: “Ai meu Deus, lá vem ela com a história do umbigo. Essas mulheres se preocupam com cada coisa! (risos)”

Fala sério, bate aquele friozinho na barriga só de pensar que na hora de trocar a fralda posso machucar. Já me disseram inúmeras vezes que o umbigo do bebê não dói, que essa região só precisa ser bem cuidada, e que na hora do banho do bebê é para lavar bem o local com água e sabão, cotonete e álcool a 70% (daquele vendido em farmácia). E pronto: com o passar dos dias é só esperar que o umbigo ficará seco e cairá.

Lição de casa decorada. No entanto, até que caia, ele estará lá na barriguinha linda da minha filha, olhando para mim de forma enigmática. Dizendo que, se eu não cuidar dele, minha filha me culpará para o resto da vida.

Deixando a estética de lado (e tentando defender a causa diante do pai), é importante destacar que aquele pedacinho é o que restou do cordão, que ligou o organismo do bebê ao da mãe durante a gravidez. Tudo bem que irá secar e cair, mas não podemos deixar de vê-lo quase como uma ferida.

As mamães hão de concordar comigo que o tal buraquinho enigmático simboliza a dependência do nosso filho conosco. Poxa, foi por ele que o alimento, o oxigênio foram conduzidos. E o papai Claudio, que logo entrará para o time dos cortadores de cordão umbilical, não pode ignorar que ter o próprio umbigo é sinônimo de autonomia. Se for bonito melhor ainda, não é mesmo?

Brincadeiras à parte, a preocupação é mais que fundamentada. Por isso, comandarei um rigoroso estado de limpeza para evitar infecções, até que o resto seja providenciado pela própria natureza. Afinal, o umbigo é a ferida que nos faz lembrar que, de nossa habilidade em ser boa mãe, dependerá a vida de um serzinho tão querido. Ah, que profundo! Não é à toa que esse blog está todo babado.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Julia Leticia em full HD

Caí na besteira de falar para a Priscila que queria comprar uma filmadora full HD para registrar todos os passos da Julia Leticia. Na verdade, não foi bem um falar. Estava mais para um pedir, mesmo que soubesse a inclinação à negativa.

"Há coisas mais importantes para nos preocuparmos agora", disse ela, mais ou menos assim e coberta de razão, já que estamos para receber a chave de nosso apartamento e temos que mandar fazer um monte de armários. "Você já não tem uma câmera?", continuou.

"Sim, amor, mas não é full HD. Quero filmar o crescimento dela em alta resolução", respondi, sem convencê-la, já emendando: "Mas não se preocupe que só vou comprar quando alguém puder trazer dos Estados Unidos, onde custa a metade do preço daqui."

Pode haver quem diga que usar como argumento a nossa filha é uma covardia e, talvez, até egoísmo. É e não é. De fato, eu poderia muito bem ter essa vontade de comprar a filmadora independemente de estar grávido ou não. Mas juro que a vontade só bateu mesmo ao pensar na nossa gatinha.

Essa coisa de imagem funciona de forma bastante semelhante àquela história de que homem se liga muito mais na beleza da mulher do que o contrário. Nós, homo sapiens sapiens do sexo masculino, temos uma queda absurda pelo visual. Isso é fato. Seja o carro bonito, a mulher bonita, o relógio bonito, enfim, o bonito nos atrai. E, no meu caso, essa atração é incrível quando o assunto é a tal da imagem em movimento, no cinema ou na tevê.

Diz a minha mãe que eu mal engatinhava e já estava lá, vidrado no tubo de raios catódicos. Ela e meu pai fizeram até uma experiência. Enquanto eu ficava no colo de um, o outro se posicionava entre o bebezão aqui e a telinha. Eu ficava, então, me contorcendo todo, pequenininho, tentando enxergar um pedacinho da imagem mesmo com aquele corpanzil de adulto ali atrapalhando.

Até hoje sou assim. É ver um novo modelo de tevê e viro aquele bebê contorcionista novamente. Aí, a Priscila, sempre esperta, questiona: "Mas o que você tanto queria não era uma TV de LCD? Agora mudou de ideia?". Então, eu argumento e ainda me defendo de qualquer acusação de egoísmo: "Continuo querendo, meu amor, mas, muito mais importante agora é gravar a neném para ela se ver no futuro do que a minha satisfação pessoal."

PS 1: Sim, eu sei que é burrice ter uma câmera full HD e não ter uma tevê 1080 para assistir aos vídeos em alta qualidade. Mas o monitor do meu PC é bem decente!
PS 2: Amor, consegui um esquema para trazer a filmadora por um preço bem legal. Deixa, vai?

Pais de primeira viagem!


Nossa pequeninha finalmente está prestes a chegar. Tudo pronto para estreia: enxoval, carrinho, banheira, bercinho, o armário lotado de roupas e grifes preferidas de fraldas, a mala da maternidade, o médico, o hospital... A lista já foi checada inúmeras vezes e até que ela venha ao mundo, o procedimento será repetido, sem a garantia de que nada será esquecido no grande dia.

No entanto, fico me perguntando se está tudo certo com o principal: os pais. A sensação que dá é que nossa princesinha vai chegar e encontrar os pais ainda prematuros, a mãe então, nem se fala. Já vi milhares de vídeos na internet: aprenda a trocar fralda, como colocar para arrotar, como segurar o bebê corretamente, como cuidar do umbigo (essa preocupação renderá um post exclusivo), como fazer isso e aquilo. Puxa, se depender da internet, estou prontíssima. E se contar com os conselhos...

Aliás, esses são os melhores. Principalmente, quando eles vêm de pessoas que já passaram pela experiência da maternidade, em outras encarnações, é claro. Hoje pela manhã, uma amiga me indicou com a melhor das intenções um curso de bebês com bonecas que parecem bebês de verdade. Nada contra o curso, eu até pensei em fazer. Mas quando vi uma foto da tal boneca (olha a foto da criatura acima!). Ah, meu Deus! Fiquei com medo. Parece um bichinho empalhado daqueles que os caçadores colocam na parede. Achei melhor abstrair!

Foram nove meses de uma gestação que posso chamar de perfeita. Com muita energia e correria de fazer mil coisas ao mesmo tempo. Então agora só basta relaxar e gozar. No sentido metafórico, é claro. Afinal, não pretendo ter um parto orgásmico como vi numa reportagem sem vergonha da revistatpm.com.br, como sugere o próprio título Parir e Gozar.

Confesso que o primeiro filho, de fato, assusta. Mas acho que o mais importante do que se agarrar em dicas prontas é deixar a emoção fluir e deixar acontecer, aprender na marra, como diz um amigo com experiências paternas comprovadas nesta vida.
O importante é não desistir, afinal, nossa filhota não desistiu da gente e está pronta para aprender tudo o que temos a ensinar. Apesar da ansiedade, eu continuo aprendendo com ela a cada dia. E daqui para frente, mamãe Pri e papai Claudio vão compartilhar com vocês a emoção e os apuros de pais de primeira viagem!