segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O grande dia


A mamãe de primeira viagem está de volta. Posso dizer que tenho surpreendido a todos e a mim, é claro. Tenho dado conta do recado, ufa! Faltam palavras para descrever cada momento. Mas, enfim, com as poucas que encontro e vêm do coração, vou tentar descrever o grande dia. Aí vamos nós...

Chegando a hora
Eram 21h30 do dia 9 de novembro. Faltava meia hora para o início do jejum e eu já estava com fome. Quem me conhece sabe que isso não é nenhuma novidade. Aproveitei para comer todos os chocolates disponíveis no armário. Tentativa frustrada de controlar a ansiedade. A ficha finalmente começava a cair. Sim, caiu tarde. Aos 45 minutos do segundo tempo. Mas, por incrível que pareça, dormi como um anjo.
Às 5h30 do dia 10, o despertador toca. A preguiça era tanta que nem conseguia imaginar o que me esperava logo mais. Com as malas prontas, eu tinha a sensação de que estava prestes a viajar. O caminho para o hospital é o mesmo do aeroporto, o que reforçava a ideia. Mas passando a entrada do aeroporto, não tinha mais jeito. A hora se aproximava.

Check-in
Dei entrada no hospital, morrendo de fome. A recepção do Hospital Brasília mais parece a de um hotel. Ao assinar toda a papelada da internação, tive a sensação de estar fazendo um check- in. Por outro lado, foi nesse momento que o nervosismo tomou conta. Toda cirurgia tem seu risco, nós sabemos. No entanto, assinar em baixo disso não é nada confortável. Sem contar que você não tem cabeça para ler nada. Sai assinando tudo. Papai Claudio filmava o momento tenso. A atendente soltou: “Ai meu Deus, você está filmando?!” E tentou se arrumar, toda vaidosa. Eu, nervosa, mal conseguia olhar para a câmera. “Desliga isso!”, dizia. Na minha barriga, conseguia ouvir Julia Leticia dizendo: “Papai, desliga isso. Que mico!”. Terminava ali a participação do papai como cinegrafista. Contratamos o serviço de filmagem do hospital, que inclui a gravação do parto, saída do hospital e edição completa com fotos e ecografias. Com o serviço vip, papai Claudio podia assistir a estreia de Julia Leticia sem se preocupar com mais nada. Aliás, meus parabéns para o meu amor. Eu, que duvidava da sua capacidade de assistir o parto sem desmaiar, quebrei a cara. Assistiu bravamente e, graças a ele, mantive a calma.

É agora!
Entrei sozinha para trocar de roupa. A enfermeira se apresentou (não me pergunte o nome dela. A cabeça estava longe...): “Você pode tirar toda a roupa e colocar nesse plástico”. Nunca demorei tanto para trocar de roupa. Coloquei aquela roupinha de ver Deus (aquelas camisolas ridículas que fecham na frente e deixa a nossa bunda de fora). E fui levada de cadeira de rodas para o centro cirúrgico, sem necessidade. Isso só me deixou mais tensa.
Na sala gelada, lá estava eu estirada na mesa de cirurgia. Papai Claudio entrou logo em seguida. Eu não conseguia conter as lágrimas. As enfermeiras pediam calma. Mas eu, como sempre, sofrendo por antecipação. O anestesista, que mais parecia um psicólogo, logo tratou de me tranquilizar. A essa altura do campeonato já estava aos prantos (sempre muito dramática).
Hora da anestesia. Chamada raquidiana, aplicada entre as vértebras nas costas. Acreditem, não dói. Sabe picada de exame de sangue? Mais rápido que isso. Você sente uma pressão como se o líquido se espalhasse pelas costas. Talvez, o mais chato seja manter-se na posição correta (sentada, com as costas curvadas). Com o barrigão, isso não é tão fácil. A ação é praticamente imediata. Em pouco tempo já não sentia as pernas. “Nossa amor, essa sensação é tão ruim”, dizia eu, meio “drog”. Antes de aplicá-la, no entanto, a minha surpresa. O médico pergunta: “Você não está sentindo nada?”. “Eu não doutor, por quê?”. “Você está com o útero contraindo e com dilatação. Está na hora”. Incrível! Se fosse para ter parto normal, não seria tão fácil. Mas não me arrependo da escolha.
O estica e puxa começou. Tudo muito rápido. Não sentia nada, apenas como se estivessem passando a mão sobre a minha barriga com força. Juro, tudo muito tranquilo. Eu falava pelos cotovelos. Dr. Vilmar (anestesista), Dr. Felipe (assistente) e Dr. Sasaki ( meu anjo obstetra japonês) que o digam. Era inevitável ouvir do Claudio: “Amor, fica quietinha, vai!” Não demorou para que os olhos dele se enchessem de lágrimas. Então, ouvi o chorinho mais gostoso da minha vida. Dei um beijinho rapidinho na nossa filhota linda. Esperei tanto por este encontro, mas logo ela se foi para tomar o primeiro banho, que o papai acompanhou de perto.
Enquanto terminavam de me costurar, só perguntava se ela estava bem. Graças a Deus, correu tudo bem. Muito tranquilo. Na sala de recuperação, ela ficou o tempo todo comigo. Ficamos agarradinhas, dormindo, até que o efeito da anestesia passasse e fôssemos para o quarto. Aliás, o efeito demorou a passar e isso rendeu alguns momentos de tensão para os familiares, em especial, minha mãe. Isso veremos nos próximos capítulos. E, assim, meu mundo se tornou ainda mais cor de rosa.

3 comentários:

  1. Ai meu deus. Estou com os olhos marejados. Fico feliz de saber os detalhes do parto. Ainda estou devendo a visita, mas os milhões de plantões e horas extras não permitiram a minha ida ao lar doce dar da Julia Letícia. Bebê espera a tia!!! bjos Pri. Se cuida!

    ResponderExcluir
  2. Que lindoo!!!
    Fiquei imaginando cada cena! Isso que dar ter uma amiga jornalista!!!
    Adorei!!!

    Bjoss Jana

    ResponderExcluir
  3. Foi o Dr. Felipe que fez meu parto.... santo argentino.
    Nossa, lembrei direitinho do nascimento da Maria Clara. E fico muito feliz em saber da nova fase de sua vida. Em breve vou visitá-la. Assim que voltar de SP, onde vou dar um curso, faço uma visitinhas para estas duas meninas lindas.
    Te adoro sempre.
    Seja muito feliz mãezona!!!!!!!

    Fernanda Scavacini

    ResponderExcluir