quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tortura!

Odeio agulhas. Sempre odiei. Aquele pedaço finíssimo de metal me causa arrepios. Porém, quando foi necessário, encarei-o, apesar da imensa vontade de sair correndo. Certa vez, vários anos atrás, em meio a um violento ataque alérgico provocado por ingestão de camarão, cheguei a relutar em ter a nádega direita perfurada, mesmo com a garganta quase fechada e o ar chegando com dificuldade aos pulmões. A cena era ridícula. Minha mãe se aproximava com a seringa e eu pedia "calma!, calma!" quase sem voz. Hoje é engraçado.

Bom, toda essa introdução é para relatar o dia em que nossa filhota tomou suas primeiras vacinas. Hoje. Minha preparação psicológica, no entanto, começou ontem. O sofrimento, também. Imaginar um ser humano tão pequeno sentir dor não é muito bacana. Mas, enfim, é necessário que todos os bebês sejam imunizados contra a tuberculose e tomem a primeira dose da vacina contra a hepatite B logo nos primeiros dias de vida pós-útero. O problema é que, se você olhar para o seu braço agora, provavelmente (eu não tenho) vai ver lá a marquinha, uma depressão na pele em formato arrendondado que a BCG, contra a tuberculose, provoca. Portanto, se essa vacina deixa uma cicatriz para toda a vida, fico imaginando a dor que não deve ser levar uma picada dessas num bracinho tão delicado.

Fomos ao posto de saúde eu, Priscila, Julia Leticia e a vovó Sandra. Tudo pronto para o momento dramático e o paizão, aquele cara que assistiu a todo o parto, firme e forte, numa calma inacreditável, vira a cara na hora da primeira injeção. O choro de dor partiu meu coração. Mas ainda faltava a segunda vacina, contra a hepatite B. Essa eu assisti. Foi na perninha, aparentemente um local menos dolorido. Mais um choro sofrido. Que droga. Pensamos então que, se havíamos escolhido esse dia para Julia Leticia levar injeções, que resolvêssemos logo esse capítulo "sofrimento" de uma vez por todas. Por isso fomos, na sequência, ao Sabin para o teste do pezinho. Mais uns furinhos, sangue colhido e pronto, finalmente a sessão tortura acabou.

De volta para casa, Julia Leticia mamou, tomou banho e dormiu. Tranquilamente. Em um sono profundo, deu até uns sorrisinhos. Talvez sinal de que ela sabia estar protegida e que meu sofrimento seja bobagem.

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