quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz ano-novo!



Há tempos não aparecemos por aqui, eu e mamãe Priscila. A correria e o cansaço têm atrapalhado. Até a última segunda-feira, trabalhei 14 dias seguidos. Estava morto. Nem lembrava que existiam blog e Twitter. E Priscila, obviamente, tem coisas mais importantes com o que se preocupar, como alimentar a mini draga que colocamos no mundo. Se nas primeiras semanas Julia Leticia mamava de duas em duas horas, às vezes até num intervalo maior, agora a esfomeada se alimenta praticamente de hora em hora.

Também pudera. O crescimento de um bebê é absolutamente impressionante. Parece um daqueles feijões que, quando criança, todo mundo colocava no algodão para brotar - não sei por que, mas eu adorava isso. De um dia para o outro, já está diferente.

Foi assim com a visão. De repente, ela estava lá, analisando tudo a seu redor. Se antes não acompanhava uma pessoa com os olhos, agora a Julia Leticia parece um guarda da presidência, atenta ao menor movimento. Até no escuro. Outro dia, estávamos eu, Priscila e ela dormindo na cama. Ouvi o chorinho dela e acordei, meio assustado. Sentei e fiquei olhando JL. Não conseguia entender o porquê de ela estar me encarando com a testa franzida. Aí, mamãe fala: "O capuz!". Ah... É que eu estava com frio, então, vesti esse casaco que tem um capuz. Bastou eu descobrir a cabeça para Julia Leticia relaxar. Parecia dizer "ufa, esse aí eu conheço".

Hoje, nossa pequena terá seu primeiro réveillon. O primeiro Natal já passou, cheio de presentes, como bonecas gigantes falantes que ela ainda não dá a mínima. Agora, vem o ano-novo. Um ano especial para nossa família. Primeiro, finalmente mudaremos para o apartamento definitivo. Espero que seja logo, ainda na primeira metade de janeiro. Para isso, estamos correndo feito loucos. É coisa que não acaba mais. Na próxima semana, chegam os armários. Boxes e espelhos já foram instalados. O aquecedor também. As cortinas e persianas estão lá, aguardando a montagem. Ainda falta muito, mas agora são detalhes mais fáceis de resolver, como tampas de privadas, ganchos de toalha e porta papel higiênico. Os lustres e outros itens de decoração, deixaremos para depois da mudança. Não é mole não.

Além da casa nova, 2010 reserva muitas outras coisas bacanas para nós. Será o ano dos primeiros passinhos de Julia Leticia e também das primeiras palavras, ou esboços de palavras, dadá, mamá, papá etc. Do batismo e do aniversário de 1 ano da nossa bonequinha. Como diria o rei Roberto Carlos, "são tantas emoções".

Que venha 2010. E que seja tão maravilhoso para todos quanto já é para nós. Com muita saúde, que é o mais importante, pois o resto a gente corre atrás.

São os votos de Priscila, Claudio e Julia Leticia.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ai, minha coluna!

Não sei se funciona assim para todos os homens, mas, a partir do momento em que descobrimos a gravidez da Priscila, passei a me sentir pai. Quase que instantaneamente. De repente, comecei a me preocupar com coisas que jamais havia sequer pensado. E teve início o súbito interesse por informações acerca de bebês. Assim, conheci outros papais na internet, como o Renato, do Diário Grávido, um cara que agrada pelo humor e a altíssima qualidade dos textos.

Hoje, graças ao Twitter, descobri a Luíza e o Hilan, do potencial gestante. Dei uma rara olhada nos meus seguidores e lá estava o @potencialtweet. Fui investigar e esbarrei nesse blog informativo, simpático, de um casal que ainda não tem filhos. E esse é o barato da história. O blog nasceu do "desejo latente" da Luíza de um dia poder tê-los. Já é um prazer acompanhá-los.

Dito isso, enfim chegou a hora da referência ao título do post, "Ai, minha coluna!". É por conta deste vídeo aqui embaixo, descoberto graças ao potencial gestante. Vídeo bacana, divertido pacas, e uma bela dica para o papai aqui: nunca acostumar a Julia Leticia a dormir assim. Fico imaginando a dor nas costas que esse cara deve sentir depois de uma noite no berço.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Ano especial

Filha,

Guardei este texto para quando você tivesse idade o suficiente para compreendê-lo. Hoje é o dia. O dia em que lhe contarei de um ano especial. Um ano mágico, de emoções impensáveis para seu pai. O ano em que você nasceu.

Deixe-me contar sobre alguns fatos marcantes de 2009. Foi o ano em que Michael Jackson morreu. Aquele que era negro, ficou branco e sempre foi um gênio. Aquele cujas músicas papai ouve de vez em quando. Você sabe. Por falar em gênio, um espécime dessas raras criaturas também virou papai em 2009. Aquele tenista suíço, o Roger Federer. Aquele que o papai sempre mostra os vídeos para tentar fazer você gostar de tênis da mesma forma que seu velho. As meninas dele são duas, gêmeas, Charlene Riva e Myla Rose. Nomes esquisitos, mas tudo bem, ele é gringo. Compostos como o seu, Julia Leticia. Sem acento como o seu, porque assim fica internacional. Em 2009, Federer venceu Wimbledon e se tornou o maior de todos, o recordista de Grand Slams.

Dois mil e nove também teve a posse de Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, que assumiu com a missão de vencer a grave crise econômica iniciada naquele país. E a gripe suína, que matou muita gente ao redor do mundo e deixou papai apreensivo, pois mamãe estava no grupo de risco: as grávidas. Mas tudo deu certo e você nasceu cheia de saúde, no dia mais emocionante da minha vida.

Mas, por falar em negros superando barreiras, um, em especial, fez papai chorar em 2009. Não, não se preocupe. Foi choro de alegria, choro de uma emoção contida havia 17 anos. Andrade é o nome dele. Um ex-volante daquele Flamengo mágico que sequer me lembro, do início dos anos 80, porque era muito menino. Mas que tinha o maior de todos, Zico, o jogador de técnica, força de vontade e caráter que se transformou no ídolo do papai.

Andrade é símbolo da geração campeã do mundo, da geração de técnica incomparável, mas também de raça insuperável. Da geração responsável por tornar a já imensa torcida rubro-negra uma nação, a maior de todas. Andrade fez papai chorar porque, depois de 17 anos, no dia 6 de dezembro de 2009, levou o Flamengo ao topo do país. Andrade, homem humilde, verdadeiro nas palavras e no amor pelo clube, primeiro treinador negro campeão brasileiro. O primeiro, depois de 38 edições do torneio.

Ele fez do clube-emoção um clube campeão. Sem a estrutura dos rivais, sem a organização dos rivais. Mas com um coração... Coração que impulsionou o aposentado Petkovic, o craque sérvio, a driblar as desconfianças e, aos 37 anos, virar o maestro do time. Que deu suporte para Adriano, o atacante problemático, deixar de lado a depressão e ser o artilheiro do campeonato. Que fez Ronaldo Angelim superar o drama de quase perder a perna no início do ano para fazer o gol do título.

Um título de lições. Para o maior dos jogadores da época, Ronaldo. Que esnobou o Flamengo e abandonou o clube para vê-lo, de longe, levantar a taça. Para a Nike, que pagava pouco, pisou várias vezes na bola e deixou de ser a fornecedora de material esportivo do time. Para a Petrobras, estatal que exigia exclusividade, mas não dava o devido valor à marca Flamengo.


Lições que, espero, eu tenha conseguido lhe ensinar. Humildade, paixão, raça, determinação, orgulho. No Campeonato Brasileiro de 2009, o Flamengo deu uma aula. Que não serve apenas dentro de campo. Mas, também, para a vida.